Mais que impostos: como a união entre poder público e setor produtivo pode transformar municípios

O desenvolvimento dos municípios brasileiros está diretamente ligado à capacidade de unir forças entre o poder público e o setor produtivo. Em um país onde os desafios para gerar emprego, renda e inovação são cada vez maiores, o que diferencia as cidades que avançam daquelas que ficam para trás é a habilidade de transformar diálogo em ação e aproximação em parceria real. Não basta apenas aprovar leis, lançar programas ou aumentar a arrecadação. É essencial que os governos tenham a coragem de escutar, e os empresários, a oportunidade de contribuir com soluções.

Em muitas cidades, essa relação ainda é marcada pelo distanciamento e pela burocracia. As decisões são tomadas de cima para baixo, sem considerar as necessidades do setor produtivo. O resultado são entraves à inovação e ao crescimento da economia local. Para o administrador e vereador de Passo Fundo (RS), Felipe Manfroi, essa realidade precisa mudar. “O empresário não pode ser visto apenas como um contribuinte. Ele é um agente de transformação. É quem gera emprego, renda, inovação e oportunidades. Quando há excesso de burocracia ou falta de diálogo, todos saem perdendo. A cidade cresce menos do que poderia”, afirma.

Um dos principais gargalos, segundo Felipe, está na área tributária. Ele explica que os empresários não têm medo de pagar tributos, mas de não compreender o que está sendo cobrado, por que está sendo cobrado e como esses recursos serão utilizados. “O que falta muitas vezes não é recurso, mas previsibilidade, coerência e escuta. O sistema de tributos municipais ainda é, em muitos lugares, um labirinto burocrático. É preciso mudar essa lógica e oferecer mais clareza e segurança ao empreendedor”, defende o vereador.

Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, tem caminhado por iniciativas que nasceram da escuta ativa e da articulação com o setor produtivo. Um exemplo é o trevo do Distrito Industrial, uma obra viabilizada por meio de parceria entre empresários da região e o município. O projeto foi contratado pelos próprios empresários, e a execução da obra está sendo custeada com recursos públicos, demonstrando como o trabalho conjunto pode trazer soluções reais para as demandas locais. 

Programas como o Café com Emprego, que conecta empresas em busca de talentos com trabalhadores em busca de oportunidades, e a Escola das Profissões, que capacita mão de obra com foco nas demandas do mercado local, são outros exemplos. “Essas são apenas algumas atividades, mas que nascem da escuta e do planejamento. É isso que cria um ambiente fértil para o crescimento coletivo”, ressalta Felipe.

Para ele, cidades inteligentes não são apenas aquelas que investem em tecnologia e modernização. “Cidades inteligentes são feitas de empatia, planejamento e criatividade. São aquelas que desburocratizam processos, que permitem ao empreendedor focar no seu negócio e não em papelada. O empreendedor precisa ter segurança jurídica e sentir que o governo é parceiro, e não um obstáculo”, reforça Manfroi.

Nesse cenário, o papel dos legisladores e gestores também muda. O vereador deixa de ser apenas o fiscalizador ou o autor de leis. Torna-se articulador, elo entre as partes, responsável por garantir que o diálogo se transforme em política pública, e que os tributos pagos retornem à população em forma de infraestrutura, qualificação e um ambiente mais favorável ao empreendedorismo. 

“O município que ouve seus empreendedores planta as sementes certas para colher desenvolvimento sustentável. Nenhum gestor, empresário ou cidadão constrói o futuro sozinho. Só há avanço onde há união. Quando há escuta e ação, a cidade se transforma”, conclui Felipe.